
Em tempos de transformação digital, frameworks consolidados, tecnologias de ponta e ameaças cibernéticas cada vez mais sofisticadas, a discussão sobre Segurança da Informação parece se impor como pauta importante a ser observada. No entanto, fora dos grandes centros, essa conversa ainda esbarra em limitações profundas. Na Paraíba, por exemplo, é preciso encarar com honestidade os desafios que atravessam três eixos estruturantes para qualquer empresário: Produtos, Pessoas e Processos.
O primeiro P, Produtos, representa o apelo sedutor das soluções milagrosas de última geração. Muitos fabricantes e fornecedores oferecem suas ferramentas robustas, promissoras e, por vezes, com promessas milagrosas, mas, que não estão voltadas para a realidade financeira das empresas locais. Promete-se uma falsa sensação de segurança que pode ser comprada nas gôndolas do sonho ideal empresarial e pode vir a obscurecer o entendimento do que segurança é, e não se trata apenas de realizar grandes investimentos em qualquer tecnologia, antes de tudo, trata-se de uma construção estratégica de negócio.
O segundo P, Pessoas, escancara uma fragilidade ainda maior: a escassez de capital humano especializado e, principalmente, intelectual. Em muitas organizações, mesmo de médio e grande porte, a estrutura de TI se resume a analistas de suporte técnico. O pensamento estratégico de segurança, com foco em risco e continuidade, quase sempre está ausente. Esses profissionais não estão expostos aos grandes centros. Como já ouvi de um empresário paraibano: “Estudar demais por aqui é como se preparar para pilotar um Boeing, mas acabar manobrando carros em um estacionamento.” Assim, muitos talentos buscam refúgio em outros estados onde o conhecimento técnico encontra espaço, valorização e perspectivas reais de crescimento e perspectiva de futuro.
O terceiro P, Processos, revela um dilema clássico. De um lado, empresas com políticas bem documentadas, mas desconectadas da prática. De outro, iniciativas bem-intencionadas que não resistem à pergunta incômoda: “Para que tudo isso?” Em ambos os casos, o resultado é o mesmo, processos sem propósito, segurança sem eficácia.
É extremamente necessário encarar uma realidade difícil e complexa. Enquanto continuarmos tratando a Segurança da Informação como um problema de tecnologia ou um mero custo, deixaremos de lado as bases que sustentam sua real efetividade.
Pensar em Produtos, Pessoas e Processos não é luxo. É estratégia de negócios lucrativos e perenes.
E talvez seja essa a virada que o ecossistema empresarial paraibano precisa promover.
