
Por muito tempo, falamos de tecnologia associando-a a cabos, chips, dados e algoritmos. Mas há uma tecnologia essencial para o nosso tempo que nasce da mente e pulsa no coração humano: a criatividade. Em tempos de crise climática, desigualdades sociais persistentes e transformações digitais aceleradas, criar é mais do que uma expressão artística — é um ato estratégico, coletivo e urgente de reinvenção.
Em tempos de inovação constante, essa habilidade se torna ainda mais vital. É o motor silencioso por trás das soluções mais transformadoras. Ainda assim, seguimos tratando a criatividade como um “dom” — quando, na verdade, ela é processo, prática, ambiente, cultura e estímulo. E como toda tecnologia, pode (e deve) ser aprimorada, compartilhada e aplicada com intencionalidade.
Onde nasce a criatividade?
A criatividade não surge do nada. Ela brota de contextos férteis — onde a diversidade é bem-vinda, os erros são parte do processo e o pensamento divergente tem espaço para florescer. Isso vale para uma sala de aula, um laboratório maker, uma reunião de equipe ou uma roda de conversa comunitária.
Na minha jornada com a Experaí Criativa, o Conexões Criativas, o Me Transformei, a Conexão 4 Future e nos projetos que integram o E.Inov.CG, percebo que quanto mais plural e afetiva é a construção coletiva, mais potente é a inovação que nasce dela.
Criatividade aplicada a problemas reais
Quando estimulada desde cedo, a criatividade transforma estudantes em protagonistas. Nos negócios, permite que empreendedores vejam além do óbvio. Nas periferias, ela se torna tecnologia social e potência transformadora.
Ela está nos mapas visuais de crianças reorganizando ideias. Nos pitchs de impacto de jovens que sonham mudar suas comunidades. Nos textos que transformam dor em poesia. Nos produtos que combinam papelaria, imaginação e estratégia — e nos cadernos onde novas ideias encontram solo fértil para crescer.
E se tratássemos a criatividade como tratamos o 5G?
E se houvesse políticas públicas para garantir acesso criativo desde a infância? Se capacitássemos educadores e líderes a reconhecer e cultivar ideias fora do padrão? Se investíssemos em espaços e metodologias que libertam mentes, em vez de padronizá-las?
Criatividade não depende de sinal, mas precisa de conexão: com pessoas, com causas, com o futuro.
A Paraíba como solo fértil de inovação criativa
Você sabia que a Paraíba já conta com sete Ecossistemas Locais de Inovação em pleno funcionamento? Campina Grande, João Pessoa, Sousa, Cajazeiras, Guarabira, Monteiro e Patos já estão mobilizando talentos, instituições e empresas em torno de um propósito comum: inovar para transformar.
Esses ecossistemas são espaços vivos de colaboração, onde diferentes atores — pessoas, empresas, universidades, poder público e sociedade civil — se conectam para gerar soluções criativas, negócios inovadores e desenvolvimento sustentável para os territórios.
Esse movimento não acontece sozinho. O Sebrae Paraíba tem sido um dos protagonistas desse processo, articulando, investindo e fortalecendo essas redes por meio do programa Ecossistemas Locais de Inovação (ELI), que oferece metodologia, capacitação e apoio estratégico para impulsionar a inovação em cada município.
Aqui, não é só a tecnologia digital que avança — é a tecnologia humana que se conecta, cria e transforma, com raízes profundas e visão de futuro.
Em um mundo que exige novas respostas, a criatividade não pode ser um luxo — ela precisa ser o novo comum. Porque inovar não é apenas desenvolver algo inédito, mas imaginar outros futuros possíveis e trabalhar coletivamente para torná-los reais.
“Criatividade é linguagem, é ação e é ponte. Quando cultivada com propósito, vira futuro em movimento.”
— Julianna Dutra